Há sessenta e três anos, num belo e brilhante dia primaveril de setembro, lembro-me de, ao nascer, ter ouvido de minha mãe estas suaves palavras: “Seja bem-vindo! Eu te amo”. Desde, então, sua trajetória como mãe sempre foi exclusiva e totalmente dedicada à família e aos filhos. Lembro-me, também, de ela suavemente pegar-me em seus braços, ora ofertando-me os seus seios, ora mamadeiras caliente, sussurrando, baixinho, o quão importante era o mamar. Lembro-me das cantigas de ninar, “Dorme, neném, que a bruxa vem pegar...”, com as quais me embalava para suavizar meus sonos e, talvez, os meus sonhos. Lembro-me das suaves massagens abdominais com as quais tentava suavizar as dores comuns que acometiam ao ser frágil que, então, eu era. Lembro-me do zelo com que ela me virava de bruços para evitar que o regurgitar me engasgasse.
Lembro-me das leves compressas de água quente que ela colocava ao lado de meus ouvidos para suavizar minhas otites. Lembro-me de vê-la abrir as cortinas do meu quarto, para que a luminosidade entrasse, assim como, de fechá-las, para que tudo ficasse escuro e eu, adormecendo, não trocasse o dia pela noite. Lembro-me do seu sorriso, maravilhosamente lindo, quando recebia, orgulhosa, elogios das amigas sobre mim, “Que bebê fofo, de olhos azuis!”. Lembro-me, ainda, de, com minha mãe, sair do médico que me acompanhava, e ouvi-lo dizer a ela que eu seria alto como os atletas olímpicos de então. O tempo passou. Minha mãe e eu compartilhamos, também, esse tempo e envelhecemos juntos.
Menino, lembro-me de minha mãe, ansiosa, levando-me ao primeiro dia na escola, dizendo-me, ao longo da caminhada, que eu ali iria fazer centenas de amigos, alguns de meu tamanho, outros maiores e outros menores. E que todos, talvez, viessem a ser meus companheiros por uma longa jornada. Lembro-me, ao adentrar na sala de aula, de ver minha mãe me abraçando carinhosamente ao ver meu temor e receio, afagando-me os cabelos. Suas palavras? De que aquela professora só parecia brava, mas que, na verdade, era a “mãe” de todos nós. Lembro-me de que minha mãe, a despeito de não dominar escrita e leitura, dizer-me que naquele ambiente eu deveria aproveitar ao máximo o que me fosse ensinado, pois era isso que faria grande diferença. Lembro-me, também, de tê-la ouvido dizer que deveria “devorar” todos os livros que ali estivessem, não deixando, se possível, nem um para trás, especialmente “Simbad, o marujo” e “As viagens de Gulliver”. Lembro-me de seu orgulho quando um diretor lhe disse, bravo, que eu só gostava de bolas e de livros. Mal imaginava ele que, ambos, de fato, me acompanhariam ao longo de toda a minha jornada.
Jovem, lembro-me de seu júbilo quando fui aprovado no exame de admissão ginasial e nos exames vestibulares. Lembro-me de seus abraços e cumprimentos quando fiz mestrado e doutorado. E não me esqueço de seu choro profundo quando meu pai, seu companheiro, desta vida se foi. Lembro-me, nessa ocasião, de tê-la ouvido dizer que metade de seu ser ia com ele. O mesmo que disse quando um dos filhos se foi, acrescido de, “Os homens deveriam decretar uma lei proibindo que um filho fosse antes da mãe”. Minha mãe, ao longo de toda a minha jornada, de longe ou de perto, compartilhou comigo minhas alegrias e tristezas, vitórias e frustrações. Minha mãe tem sido uma companheira que tem dignificado o seu modo de ser mãe. Hoje, entrando nos seus oitenta, ainda lúcida e ativa, traz o andar vagaroso e as mãos trêmulas. Mas ainda é capaz de amparar-me na infelicidade, na miséria, na desgraça, nos infortúnios diversos de minha vida. Nunca se esqueceu de mim.
Lembro-me, por fim, que, todos os anos, na data de meu aniversário, exatamente ao meio dia, ela me telefonar, para dizer: “Eu te amo, meu filho”. E, a sua semelhança, queria eu, hoje, usar todos os telefones do mundo para bradar, “Mãe, eu te amo.”.
Prof. Dr. José Aparecido da Silva
Professor titular do Departamento de Psicologia da FFCLRP/USP
Meu Tio ♥
♥♥ Parabéns a todas as mães! ♥♥
Em especial a minha mãe :), Vó que é mãe duas vezes, Madrinhas, Tias, Sogra...
«As Mães que já desencarnaram e olham por seus filhos...Y
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As Mães do Projeto Vida Saudável!!
Sintam-se amadas!
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